
”Os meus dois gatos são muito especiais para mim. Cuidar deles traz estrutura ao meu dia. Dá-me outra coisa em que pensar além da minha saúde”
A Nanna Marinussen tem 31 anos de idade e vive com esclerodermia. Tomar conta dos seus gatos é uma das grandes paixões da sua vida, ajudando-a a superar os dias mais difíceis. A Nanna autointitula-se "senhora dos gatos" e partilha aqui a sua história inspiradora.
"O meu sofá é o meu melhor amigo porque muitas vezes sofro de fadiga muscular e é nele onde me sinto mais confortável. Felizmente, gosto de estar no meu apartamento com os meus dois gatos. Tenho uma mente ativa e consigo sempre encontrar formas de manter-me ocupada enquanto estou confinada em casa. É verdade que devia tentar mexer-me um pouco mais, mas tento fazer o máximo que posso. Acho que há uma grande semelhança entre mim e os meus gatos porque sou muito independente. Sei quem sou e tenho uma autoestima alta."
Apoio de amigos e familiares — e dois gatos
A Nanna cresceu na bela ilha dinamarquesa de Funen e a sua história é inspiradora. Em criança, a Nanna era apelidada de "bebé passarinho" porque era considerada muito delicada e propensa a acidentes e parecia não crescer muito. A Nanna tinha apenas 10 anos quando a sua saúde começou a deteriorar-se, tendo sido diagnosticada com artrite reumatoide. Ficou assim com dificuldades até mesmo nas tarefas básicas. Foi muitos anos depois, já em adulta, no seguimento de uma série de experiências e sintomas dolorosos crescentes, que foi realizado o diagnóstico da impactante doença esclerodermia. A esclerodermia é uma doença autoimune rara que provoca o espessamento e a cicatrização do tecido conjuntivo e da pele do corpo.¹
Os gatos da Nanna dão um impulso muito importante à sua vida diária. "É muito importante para mim que os meus gatos sejam bem cuidados. O facto de eles terem de ser alimentados, acarinhados e cuidados dá estrutura ao meu dia. Têm também de ir a consultas médicas regulares, como eu, por isso temos isso em comum."
"Às vezes sou fustigada pela tristeza quando os meus níveis de energia são tão baixos que fico constantemente presa em casa, mas estou grata pelo apoio que tenho de amigos e familiares — significa que posso ter uma vida independente e feliz."
Na parte superior interna do braço tem uma tatuagem discreta. Diz "levanta-te e salta". As palavras e o pequeno coração gravados na sua pele realçam que, apesar destes problemas, ela tem bastante força de vontade e não vai permitir que a sua doença a derrube.
Associação de Influenciadores Crónicos
A Nanna é cofundadora da Associação de Influenciadores Crónicos, que atua como uma comunidade social para pessoas com doenças crónicas. A associação foca-se menos na doença e mais em como ajudar as pessoas a assumirem o controlo e a melhorarem a sua qualidade de vida. A Nanna diz que queria ajudar outras pessoas que enfrentavam dificuldades similares.
Ter uma doença pode originar uma acentuada falta de rotina, especialmente se resultar em incapacidade para trabalhar. O trabalho com a associação de influenciadores crónicos ajuda a mantê-la motivada, mas, segundo ela, a sua vida seria vazia sem os seus gatos.
"Os meus dois gatos são muito especiais para mim", afirma ela. "Cuidar deles dá-me outra coisa em que pensar além da minha saúde."
A Nanna esteve rodeada de animais a maior parte da sua vida, tendo crescido numa quinta onde o seu pai tinha muitos animais, incluindo cavalos, gatos e cães. Ao longo dos anos, acolheu 15 gatos abandonados. Hoje é a "mãe" orgulhosa de dois gatos — a
Sille e o Bob.
"Os gatos são exatamente como eu. Decidem por eles próprios com quem querem ter uma relação e em quem confiam. Dou aos meus gatos conforto e muito amor, e recebo esse amor de volta."
O Bob e a Sille
O Bob, que tem manchas brancas e pretas, está com a Nanna há cinco anos e a Sille juntou-se à família há cerca de seis meses.
Ambos foram adotados de um abrigo para animais.
"A Sille é calma, afetuosa e querida. Em casa comigo, ela desenvolveu-se livremente, pois os meus gatos podem percorrer qualquer canto da casa. Quando vêm ter comigo em busca de afeto, isso tem um grande significado. Gosto quando encontro a Sille deitada na minha cama, mas isso é uma exceção e não a regra."
Com o Bob não é assim. Segundo a Nanna, o Bob tem traços humanos e está constantemente a entreter-se. Vê-lo atarefado e às voltas na brincadeira provoca sempre um sorriso na sua cara. Quando ele quer espreguiçar-se, estende as patas à Nanna!
"Costumo dizer que o Bob é o meu pequeno bebé. O Bob, como eu, é muito caseiro e somos muito chegados. Muitas vezes deita-se debaixo do edredão comigo."
Os gatos iluminam o meu dia
A Nanna diz que, se achar que consegue criar espaço na sua vida para um gato, é altamente recomendável que o faça, pois pode dar-lhe uma força fantástica contra a sua doença. Ela diz: "Faça-o. Adote um ou dois gatos, mesmo que não tenha a certeza se se trata da decisão mais acertada. Se gosta de gatos e consegue cuidar deles devidamente, correrá tudo bem." A Nanna fê-lo e a sua vida está muito melhor por causa disso.
Estamos muito gratos à Nanna por partilhar a sua história connosco. A Nanna pertence ao grupo de 2,5 milhões de pessoas no mundo que vivem com esclerodermia², podendo alguns dos sintomas ser facilmente confundidos com outros problemas de saúde. Para obter mais informações sobre esclerodermia, visite: www.morethanscleroderma.com
Referência:
1. Scleroderma Foundation. What is scleroderma? Available at: www.scleroderma.org/site/PageNavigator/patients_whatis.html [Accessed July 2021]
2. Scleroderma & Raynaud’s UK. Scleroderma. Available at: https://www.sruk.co.uk/scleroderma/ [Accessed July 2021]