Diagnóstico precoce: a melhor arma no combate à fibrose pulmonar
O Dia Mundial de Consciencialização para a Fibrose Pulmonar assinala-se a 7 de setembro. Esta é uma doença crónica e potencialmente progressiva que, quanto mais cedo for diagnosticada, maior a probabilidade de atrasar a sua progressão e aliviar os sintomas. É possível aceder a mais informação no website vivercomfibrosepulmonar.pt.
A Fibrose Pulmonar (FP) é uma doença crónica e potencialmente progressiva que, quanto mais cedo for diagnosticada, maior a probabilidade de atrasar a sua progressão e aliviar os sintomas. Este ano, a RESPIRA, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) e a Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), com o apoio da Boehringer Ingelheim, apresentam mais uma edição da Campanha de Consciencialização para a Fibrose Pulmonar. Esta campanha assinala o dia 7 de setembro, Dia Mundial de Consciencialização para a Fibrose Pulmonar, e tem como principal objetivo dar a conhecer à população e aos profissionais de saúde os seus sintomas mais caraterísticos e a importância do diagnóstico precoce.
Esta é uma doença rara que, tendo sintomas semelhantes aos de várias doenças respiratórias, se torna difícil de diagnosticar, podendo originar diagnósticos tardios. Contudo, é essencial que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível. Apesar de não existir uma cura para a fibrose pulmonar, “existem novos medicamentos cuja utilização de um modo geral, atrasam a progressão da doença, podendo mesmo até assistir-se a alguma estabilização, o que permite uma vida (minimamente) normal para estes doentes”, como refere José Alves, presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão.
Segundo António Morais, presidente da SPP, “na fase precoce da doença, os doentes apresentam uma diminuição ligeira da capacidade de esforço, o que lhes permite autonomia e qualidade de vida. Mas com a progressão da mesma, associada a uma diminuição da capacidade de esforço, a limitação e a dependência serão cada vez maiores”. Neste sentido, reforça que “o objetivo é o diagnóstico precoce, de forma a intervir terapeuticamente antes que o doente já tenha uma perca funcional que se traduza em perca de qualidade de vida, nomeadamente na tolerância ao esforço, dado que tal é irrecuperável”.
No entanto, “o diagnóstico precoce não é nada fácil, é antes até bastante complicado”, refere José Alves. Isabel Saraiva, presidente da Respira, confirma que “há doentes que demoram quatro, cinco anos ou mais até conseguirem um diagnóstico exato e isso é muito penalizador”. Além disso, “o aspeto respiratório em geral não está devidamente acomodado nas prioridades de saúde, daí a nossa necessidade de ter acesso aos cuidados de saúde”, porque são eles “que nos ajudam a viver e a sobreviver com as limitações impostas pela ausência de saúde respiratória”. Por isso mesmo, “na Respira, o nosso trabalho é batalharmos pelo acesso das pessoas com doença aos cuidados de saúde”, o que inclui também aqui o apoio emocional.
Esta é uma doença que limita, que asfixia, ao impedir “que as trocas gasosas ocorram no tempo que o sangue tem para o fazer”. Um doente com fibrose pulmonar, explica José Alves, não consegue a “drenagem dos gases tóxicos” que ocorre no interstício pulmonar e que permite às células terem o oxigénio necessário para funcionarem. Quando isto acontece, “entra-se em insuficiência respiratória”.
Há um longo caminho a percorrer no que toca à fibrose pulmonar, defende José Alves, que considera imprescindível a sensibilização. “Temos que alertar quer a população geral para os primeiros sintomas, quer os médicos de família para os primeiros sinais”, sendo importante que todos os médicos estejam atentos e, se houver uma queixa de falta de ar, “o melhor é pedir uma espirometria e uma oximetria”. Sintomas como, explica António Morais, “sensação de perca de capacidade de esforço, maior cansaço, maior fadiga, assim como tosse seca, que também é um sintoma frequente”. Desta forma, sob o mote “fibrose pulmonar: quando respirar é asfixiante”, a campanha alerta precisamente para uma das principais características desta doença: a falta de ar – que torna extenuantes e verdadeiros desafios os pequenos gestos simples do dia-a-dia como subir escadas, transportar as compras, percorrer distâncias curtas, ou brincar com os filhos ou netos.
Devido a todos os obstáculos diários, “muitos são os que vivem em grande sofrimento, com grandes dificuldades físicas e emocionais”, lembra Isabel Saraiva, um sofrimento agravado ainda mais pela pandemia. José Alves explica que “embora sem dados que nos permitam sustentar, acreditamos que o diagnóstico da fibrose pulmonar foi afetado na mesma medida que a generalidade do diagnóstico das outras doenças. A maior dificuldade de acesso aos cuidados primários de saúde, levou certamente a que um número importante de diagnósticos não fosse efetuado no tempo adequado, isto é, na fase precoce da doença.”
Relembramos também o website vivercomfibrosepulmonar.pt, que reúne conteúdos úteis, com uma linguagem acessível, que explicam o que é a fibrose pulmonar e os seus sintomas, assim como conselhos para doentes e seus cuidadores e dicas úteis para que o doente possa ter uma melhor qualidade de vida.